Marcelo, o
Presidente da República de Portugal, gosta muito de livros. Montou uma feira do
livro no quintal da nossa casa: o Palácio Presidencial. Perseguido por um
séquito de convertidos, lá vai ele saltitando de stand em stand até que,
abarbata um incauto infanto-leitor e pergunta-lhe:
PR: Gostas de
livros?
O puto: Gosto!
PR: De qual é
que gostas?
O puto: Este!
- Aponta para um livro de bonecada.
PR: Ai é? Vou
oferecer-te! Quanto é? - Pergunta o PR à espasmódica funcionária da barraca.
(Confesso que
não ouvi a quantidade de euros pedidos. Vi o PR a sacar de uma nota do bolso do
casaco. Era azulada. Nota de vinte, por certo.) - Ó shôr Presidente! Deixe
estar. Nós oferecemos o livro à criança! - Diz um senhor de bigode farfalhudo.
PR: Acha que
sim? - Agarra o franzino pescoço da criança esbugalhada, e "destroce"
em direcção ao solícito benfeitor de bigode farfalhudo (livreiro?) e diz: - Olha! Agradece ao
senhor, vai! Ele é que te oferece! Diz obrigado! O puto disse obrigado!
Sentado no
sofá da minha micro-sala, olhando o meu macro-flat-televisor de trezentos euros (metade do meu salário), pensei cá
com os ilhós das minhas jeans: Este PR é... in-te-li-gen-te! Quase ia cometendo um
crime, aceitando uma oferta!... Aceitar prendas!!! É crime não é?
Epílogo inventado!
O puto foi
para casa com o livro debaixo do braço e comunicou à mãe e ao pai-que-não-lê, - porque faz doer a cabeça! - que
o Presidente de Portugal lhe tinha oferecido o dito. O pai iletrado deu-lhe uma
palmada-sacode-poeira no cú e disse-lhe: - "Não quero mentirosos cá em casa! Os livros fazem mal às pessoas! É coisa de comunas!