Foi um 25 de Abril diferente. Viver num país que não me deixa ler o que me apetece, fez-me logo lembrar a América, esse farol das "liberdades" e mais de 40 milhões de seres humanos a viver na extrema miséria. Este ano não comemorei porra nenhuma. Fui dar uma volta!
Porque o dia estava soalheiro (... e não solarengo!), peguei na minha scooter e foi conhecer duas aldeias do concelho, que me "escapavam". Visitar estes lugares de carro é aventura radical. Não aconselhável!
Na estrada entre Cabeceiras e Montalegre, próximo de Lodeiro D'Arque, um pequeno sinal indica-me a aldeia de Magusteiro. Passei por lá. Da estrada principal não se vê a povoação e o seu casario de pedra. Chegado à aldeia, assalta-me o odor avassalador de bosta! Gado bovino é negócio principal destas gentes. Foi rápida a visita. O lugar é muito pequeno! Duas pessoas estavam à soleira das suas portas. Perguntei ao homem, de cajado na mão, qual dos caminhos ia dar ao outro lado, a Juguelhe? - É por aquela! - apontou-me um empedrado que não tinha nada a aparência de estrada e muito menos para um veículo citadino, de duas rodas. Na escadaria de outra porta, estava sentada uma idosa senhora, toda vestida de negro. Não esboçou um menor gesto.
Fui pelo caminho indicado pelo homem do cajado! Descobri, mesmo no alto, uma paisagem nua, ventosa, de uma beleza diferente. Estava frio. Mais gado! Pachorrentos, olharam-me de esguelha. Uma vaca atravessa-se à minha frente e pára! Esperei - pois claro! -, que sua senhoria se decidisse a ir embora. E foi!
Mais à frente voltei a parar. Desta vez, foi para entrar no recinto da pequenina capela que ali existe. Apreciei a panorâmica!
Chegado a Juguelhe, vi uma aldeia descaracterizada! Casas de pedra à mistura com casas de tijolos... e com tanta pedra à volta!! "Assustaram-me" dois gigantescos leões de porcelana/barro(?) à entrada do terreno de uma casa. Fanatismo futeboleiro, pensei! Segui viagem!
A caminho de casa, e próximo dos dois cemitérios da Freguesia de Rio Douro, (Um dos ricos e outro dos pobres; diz o povo! Não é a verdade!), numa pequena curva apertada deparo-me com uma porcada! Uma pequena porca preta e oito bácoros; contei eu! Todos negros como tições! Não podiam ser javalis! Os javalis não são assim! Parei a uns escassos vinte metros! A fêmea não gostou! Virou-se para mim, levantou o focinho, enquanto os bacorinhos se escapavam ribanceira abaixo!
Não conhecendo este tipo de suíno como sendo autóctone, só posso pensar que terá fugido de alguma cerca e que por ali anda já, a criar... em liberdade!