sexta-feira, 24 de março de 2017

Festinha

Casas com janelas viradas para a rua torna-nos voyeurs  e ouvintes involuntários.
"Luís, vem ajudar-me porque senão digo à mãe e depois não podes ir aos anos do Vitor João!"
Só posso imaginar festa completamente esbandalhada sem a insigne presença do Luís!

Vandidos

Mais uma notícia de televisão. Foram detidos vinte e um Hammerskins! Entre eles estava um temível elemento da claque do Futebol Clube do Porto! (Ipsis verbis!) Os outros 20 eram fervorosos adeptos do chinquilho, do jogo da macaca e do pião!... Digo eu a roer as unhas!

Comandos


Há muitos anos mandaram-me à inspecção obrigatória para ingressar no exército. Lembro-me muito bem desse dia. Fiz os testes todos e o melhor que sabia. Se tinha que ir de obriga, então que fosse para um posto melhorzinho que o do "feijão verde". Soldado raso não era comigo. Lembro-me também da massa cotovelo guisada com pedaços de gordura que serviram na cantina. Nunca entendi esta fixação do exército com as massas ditas alimentícias! Também me lembro do Licínio, colega de escola, ter levado um estalo de um superior, verde! O Licínio era espigadote e malcriado para os outros! Adiante... Os testes correram bem e fui chamado a um gabinete. Fizeram-me perguntas.
-'Tá tudo muito bem, disse o fulano de verde trajado. O que é que você gostaria de seguir aqui na tropa?
-Hum. Não sei! Talvez marinha! (Gosto de barcos!)
-Então... em que especialidade?
-Não sei. O que é que têm aí? - Inumerou uma carrada de especialidades, até que chegou a mergulhador.
-É isso aí. Mergulhador! (Já praticava mergulho!)
-E onde é que gostaria ser colocado?
-Macau!! - disse eu! Senti um olhar assassino em direcção a mim.
-Já não colocamos militares em Macau, disse o superior "feijão" com ar irritado!

Passou. Fui para casa. Apareceu um dia uma carta, em casa, para me apresentar nos Comandos de Amadora! E lá fui eu no dia previsto. Encontrei por lá o Paulo. Tinha sido meu colega na Escola Industrial de Viseu. Fizemos uma festa. Tinham passado vários anos. Avisou-me logo: livra-te disto pá! Vais fazer o que te disser para te safares!
Fiz o que ele disse. No fim, eu e mais quatro fomos chamados a um gabinete a uns cem metros de distância. Saltou de trás de uma secretária um verdasco, aos berros como uma cabra doida:
-Vocês andam a brincar com esta mééééééérda!!!!!! O gajo tinha topado toda a marosca. Nós, caladitos! Houve sermão fora de missa!
-Desta vez escapam! Vão lá embora!
Ufa! Fui! De bom grado! Vi pessoal a chorar de alegria por terem ficado! Convenhamos, aquilo é uma escola de macho pra burro!

Fui mais tarde chamado para Tancos! Escola Prática de Engenharia! Não fui! Saí de Portugal! Tinha mais com que me entreter!

Sabão

Para remover políticas e religiões, tome banho com sabão macaco.

Canta Miró


A TVI é o mááááximo! Grande canal de televisão!
Exemplar!! Conseguiu pôr Miró a...cantar!!!

Um tóne chamado cavaco

O Porto não aderiu à apresentação de um "livro". Não há bifanas, dobradinha e finos a acompanhar, santa paciência! O pessoal não põe lá os coturnos para bêr um finguelas embufado!! Em qualquer papelaria se compra uma resma de papel e com uma grande bantagem: estão em branco! Num tou para aturar touços!

Nota de rodapé


Um tasco! Uma televisão ligada na CMTV e notícia a passar em rodapé: "Homem esfaqueado no Colombo!" Fico sem saber se o homem foi esfaquedo no lombo ou no co!

sexta-feira, 17 de março de 2017

Marcelo e os livros

Marcelo, o Presidente da República de Portugal, gosta muito de livros. Montou uma feira do livro no quintal da nossa casa: o Palácio Presidencial. Perseguido por um séquito de convertidos, lá vai ele saltitando de stand em stand até que, abarbata um incauto infanto-leitor e pergunta-lhe:
PR: Gostas de livros?
O puto: Gosto!
PR: De qual é que gostas?
O puto: Este! - Aponta para um livro de bonecada.
PR: Ai é? Vou oferecer-te! Quanto é? - Pergunta o PR à espasmódica funcionária da barraca.
(Confesso que não ouvi a quantidade de euros pedidos. Vi o PR a sacar de uma nota do bolso do casaco. Era azulada. Nota de vinte, por certo.) - Ó shôr Presidente! Deixe estar. Nós oferecemos o livro à criança! - Diz um senhor de bigode farfalhudo.
PR: Acha que sim? - Agarra o franzino pescoço da criança esbugalhada, e "destroce" em direcção ao solícito benfeitor de bigode farfalhudo (livreiro?) e diz: - Olha! Agradece ao senhor, vai! Ele é que te oferece! Diz obrigado! O puto disse obrigado!

Sentado no sofá da minha micro-sala, olhando o meu macro-flat-televisor de trezentos euros (metade do meu salário),  pensei cá com os ilhós das minhas jeans: Este PR é... in-te-li-gen-te! Quase ia cometendo um crime, aceitando uma oferta!... Aceitar prendas!!! É crime não é?

Epílogo inventado!

O puto foi para casa com o livro debaixo do braço e comunicou à mãe e ao pai-que-não-lê, - porque faz doer a cabeça! - que o Presidente de Portugal lhe tinha oferecido o dito. O pai iletrado deu-lhe uma palmada-sacode-poeira no cú e disse-lhe: - "Não quero mentirosos cá em casa! Os livros fazem mal às pessoas! É coisa de comunas!

quinta-feira, 16 de março de 2017

A Prima-dona e os miúdos a granel!

Levantou-se e pediu à criada que lhe preparasse um banho de leite de cabra. Seco, besuntou a efígie com creme soyeuse La Mer, ajustou o Patek Philippe, vestiu o calçãozito cor-de-rosa, enfiou uma shirt de alças, calçou umas havainas, ajustou a camélia na orelha direita e desceu a escadas. Já na garagem, indeciso, pensou em levar o Ferrari. Não! Não fazia pandã com os trusses! O Lamborghini? Demasiado duro. Levou um mais mole! O Citroen Dois Cavalos com motor Maserati, que eu não sou pobre! À tardinha, já cansado dos treinos, passou pela Casinha Portuguesa para ingurgitar três natas e levar quarenta para a mãe. 
Sobram-me uns trocos na pochete! Pensou! Vou ali encomendar mais dois miúdos!

Músicas

Já não há músicos como antigamente. Vivemos dias de músicas rissol. Comeu, esqueceu!

O violino da Ana

Ana tocava violino. Não, Ana aprendia a tocar violino. Um dia, numa mesa da cantina da escola, circundando um baralho de cartas, eu e mais três, Ana espirrou e escarrapachou uma broncorreia pertinho do ás de espadas espreguiçado no tampo da mesa. Encristada, Ana armou o seu dedinho indicador anafado, formou um gancho, afastou a gosma e sacudiu-a para longe dos esbugalhados presentes. A escarreta estatelava-se agora em segunda mão, na tampa da caixa de pelica do seu desafinado violino. Três gajos ficaram com ar de vou gumitar já o eclair! Como eu odiava esta coisa de cordas! Isto e os sapatinhos de penduricalhos do João que, esses sim, bem mereciam tal adorno viscoso.