quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Saiote

Pois é! A propósito do assessor de saias da Joa-não-me-alembra-do-resto, o kilt escocês é indumentária tradicional. Reza a história que, por baixo dos scot saiotes machos não existe(existia!) mais nada senão e tão somente o magalho e respectivo par de sinos! Assim, pragmáticos, em tempos idos(?) os escoceses iam cagando e andando! Agora, o que eu quero mesmo, é que o assessor da Joa-qualquer-coisa, não ande a cagar no parlamento. Poios e poias, é o que não falta por lá!
Quanto à Joa-quê?, ao entrar no parlamento dizendo-se "feminista radical", só posso dizer que...inteligente é que a gaja não é! Senhores e senhoras, permitam-me dizer que, a partir de agora, ficarei à espera que alguém se intitule de...machista radical! Ui! Não só vai cair o Carmo e a Trindade, como também cairá de borrecas, o famoso assessor e aí amigos, vamos ver se o gajo usa trusses!

Preferidos de Deus

   "Morrem novos os preferidos de Deus!", terá declamado D. Juan, o personagem criado por Tirso de Molina. A frase foi, mais tarde enfatizada pelo poeta Byron e repetida por Fernando Pessoa, creio! Eu, não me considerando uma pessoa virada para qualquer religião mas teria gostado que Deus não tivesse levado o menino de 23 anos que foi apanhado por uma onda, enquanto pescava, em S. Pedro de Moel, este fim-de-semana que passou. Conheço o Ricardo desde menininho. Era (devo dizer infelizmente, era!) colega dos meus filhos. Escrevo isto e sabe-se que ainda não encontraram o corpo. Penso na mãe, irradiando felicidade - sempre! - cuidadora do jardim mais bonito da aldeia e, raios!, lembro-me da mãe e pergunto... porquê?
P.S.: "Postei" logo de manhã no meu perfil, uma imagem de um carro com a forma de caixão! Logo a seguir recebo a notícia da morte do Ricardo! É a terceira vez que me acontecem estas merdices premonitórias(?), que não acredito nem consigo explicar. Continuar vivo é uma luta desgraçada porque a morte está logo ali, à espreita! Eu que o diga, que já passei por ela algumas vezes e sob a forma de malária, monóxido de carbono e quase fatal acidente de mota! Por favor estejam sempre, mas sempre atentos! É muito duro para os que por cá ficam ainda, por mais uns tempos! Muito duro, porra!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Álcool segundo Rui Super Bock!

   Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto não tem razão nenhuma, nenhuma mesmo, quando diz que o vinho do Porto - bebida alcoolica! - já levava bem longe o nome da cidade. Escudou-se nesta "tanga" para promover outra bebida alcoolica, a Super Bock, e mandando às urtigas o nome da nossa pequenita grande heroína Rosa(Rosinha)Mota! Suspeito que o senhor Rui Moreira, um CDS encapotado, um semi-facho, tenha algumas acções na cervejeira. Deve ter, para vir com tal fervor defender a marca. Não gosto do senhor Rui Moreira mas, assim de repente, gostava de lhe recordar o nome Portugal e quais as suas origens. Diz-me o dedo mindinho que tudo adivinha, que o nome Portugal tem origem em Portus Cale(m) e - pasmem-se! - já era conhecido dos romanos que por cá andavam a passear! O vinho do Porto, vem depois sua excelência! Muito, muito, mas mesmo muito depois sua excelência! Ali para os lados de Peso da Régua, chamam-lhe vinho fino! Senhor autarca, diga lá ao que vem? É também dono da cervejeira não é? O Palácio de Cristal, ou a tijela invertida, para mim será sempre Pavilhão Rosa Mota! Ela é que merece ser recordada! Sabe senhor presidente?...O que eu gostava mesmo é ver baleias na foz do Douro, como os romanos as viram e sei lá, vê-las, nos nossos dias, com autocolantes da Super Bock colados no dorso! Isso é que era fixe!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Meninos com "problemas"!

   Sempre fui contra o Serviço Militar Obrigatório(SMO)! Hoje penso o contrário. As constantes notícias sobre agressões a professores vêm demonstrar que tudo isto deve ser repensado. A chavalada insurrecta, maioritariamente filhos de pais já nascidos depois do 25 de Abril, com valores enviesados sobre "liberdades", lá vão pondo à prova as suas "traquinisses" ao abrigo de "problemas neurológicos" e pelo caminho, dando umas cabeçadas aqui e acolá em professores, cuja função é(seria), ensinar. Ensinar estes "meninos" birbantões a serem gente! O SMO devia agora, ser obrigatório para qualquer "menino(a)" que se porte mal, "coitadinho deles que até nem têm culpa"...! A sociedade de violência é que é má! Pois... e assim acabamos todos a entrar numa espiral e governos a assobiar para o lado porque há essa coisa dos sagrados(?) direitos humanos!
   No Canada, vi reportagens sobre "bootcamp", instituições de "correcção". Os "tadinhos dos meninos" entravam mauzinhos e, saíam ovelhinhas, e choravam, choravam baba e ranho como recém nascidos com dorezinhas de barriga!
   Isto tem que mudar! Não sou professor mas dar no focinho a um puto, lá isso posso! Ai posso posso! Neste espaço onde trabalho, existe uma sala de convívio onde existiam(!) livros(o que é isso?), PlayStation, sofás catitas(foram cortados a x-acto!), etc. Bem...destruiram tudo! Daqui já saíu um puto completamente álcoolizado. Bebem cerveja às escondidas e eu, eu tenho de aturar isto? Hummmm; enganadinhos que as crias e os papás das crias estão... Aos meus filhos disse-lhes sempre que a educação, "DESMONTA", qualquer filho-da-puta! Nada pode encher mais de orgulho um pai, ouvir da boca de gente idosa, "os seus filhos atravessam a rua para nos cumprimentar"! Fico "inchado"? Fico pois!!!

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Histórias de um emigrante 5

   Na escadaria da loja 7-Eleven, deitava-se muitas vezes um índio. Sempre bêbado, este índio de larga estatura, passava por mim e cumprimentava-me sempre com um hello my friend! Já me conhecia. Mas, antes destes episódios de cumprimentos amistosos, a coisa começou assim: passou-se num Verão e um dia, cheguei primeiro e sentei-me, sem querer ou sequer ter pensado nisso, no lugar onde ele dormia as suas sonecas! O futuro amigo índio aproximou-se e perguntou-me o que estava eu ali a fazer. Disse-lhe que era turista e descançava. Não sei o que me deu para ter respondido assim mas... Cambaleando, chegou-se a mim, deu-me um abraço enquanto dizia ok turist ok turist, ok turist!! O cheiro a falta de banho e álcool era tremendo! Mas ganhei um amigo! Depois daquele dia, pagava-lhe de vez em quando um "bitter" - porque me pedia! -  uma bebida amarga de origem que ainda hoje desconheço. Pagava-lhe, dizia eu, porque sabia que ele, quando tinha uns trocos, comprava e bebia Aqua Velva, o after shave! Vi-o durante dois ou três verões. Não me recordo! Depois desapareceu! Nunca mais vi o amigo índio!

  No Canadá, a acusação de assédio de qualquer espécie, são caso sério! Quando me sentei à mesa naquele MacDonalds na St. Clair Ave West, estavam na mesa ao lado uma senhora bastante jovem e um menino. Ela bebia um "canadian coffe" e o miúdo, de braços cruzados sobre a mesa, olhava para mim de vez em quando. Eu lamento profundamente a vivência daquele dia. Gostaria de o apagar da minha memória. Não tive o descernimento suficiente de ver que aquele miúdo queria comer! Bem...ver, até vi! Vi e aquele medo de parecer mal (assediar?), supostamente, aos olhos da mãe, falou mais alto. Saí porta fora e falhei novamente! Devia ter comprado dois hamburgers e pedido à funcionária que os entregasse naquela mesa, assim que estivesse fora do estabelecimento. Falhei, fui cobarde! O receio! Medo da acusação de assédio de qualquer coisa. Acusações de assédio, de tudo e mais alguma coisa, são uma constante neste país. Conheci pessoalmente alguns casos. Ponto muito negativo! Para um latino como eu, alguns destes casos de "assédio", são totalmente incompreensíveis! (Um dia, abri a porta a uma senhora e ela, aos berros disse-me "porque não vais tu primeiro"!!!! Aprendi! Nunca mais!!!!)
   Gosto muito de crianças. Acho uma enorme piada às suas descobertas, risos, perguntas embaraçosas, etc etc. Dizer que se gosta de crianças, nos dias de hoje, é levar imediatamente com um carimbo na testa a dizer...pedófilo! É só a humanidade a "evoluir"!
   Lamento aquele dia de merda na minha vida e de recordar o olhar daquele menino! Naquele dia, eu não fui eu! Não fui eu!
   
   Mas nem sempre fui assim "mau"! Já em Portugal, fiz um carrinho de rolamentos todo chique, com aileron e tudo, para o meu filho e passados tempos (horas?) apareceram-me à porta, ele e mais uns quantos putos, talvez uns seis, todos com olhares muito meiguinhos! Foi o meu filhote que falou! Perguntou-me se podia fazer também carrinhos para os colegas...todos!! Fiz! Fiz para todos e todos iguaizinhos, para não haver batota nas corridas!
   Já adultos, alguns desses miúdos passavam por mim e diziam, "sr. Mário, ainda lá tenho o carrinho que o senhor me fez!"




quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Se o Facebook elimina um comentário meu, este...

...vem aqui parar! Sobre a notícia numa página promotora de moeda virtual(creio!), de que a Suécia vai abandonar o euro!

Isto é da mais pura filho-da-putice das notícias falsas! Suécia nunca aderiu ao euro! Portanto nunca de lá pode sair ou abandonar a moeda! A par dos idiotas dos ingleses(Eu disse ingleses! São o povo mais burro de todo o R.U.!!!), Trump e outros cabrões, existe de facto uma tentativa de destruição da U.E., um projecto sem igual em todo o planeta!! Juntar países num só "jardim" com diferentes culturas, credos, línguas, é obra! Estejam atentos aos pulhas fascistas!!!!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Histórias de um emigrante 4

   Durante algum tempo fui trabalhar em manutenção de edifícios de apartamentos, alguns deles, habitações sociais. - "O Mário tem jeitinho; ele trata disso!" - diziam bastas vezes!
 
   O caso mais dramático, foi a recusa do inquilino. Não queria que eu entrasse no apartamento. Eu estava com o responsável do prédio ao meu lado, o porteiro. Só assim é que podia entrar. Nos prédios, na sua maioria, por serem blocos de mais de 100 apartamentos, existe sempre um porteiro com habitação própria nesse mesmo prédio. A função deste é basicamente a limpeza dos corredores, e outras instalações como ginásios, sala de banquetes(não eram permitidas festanças nos apartamentos!) e a recolha do lixo. O sistema da recolha do lixo foi dos mais práticos e eficientes que encontrei até hoje. Em todos os andares há um pequeno compartimento com porta de metal. Dentro, na parede, existe um buraco e portinhola directamente ligado por conduta, a um contentor recipiente na cave! Assim, basta caminharmos uns metros, depositar o saquinho com lixo no buraco e já está!; o porteiro trata do resto!
   Dizia eu então, que estava com um teimoso pela frente, quando de repente o fulano vai à cozinha e vem de lá com um facalhão mata-porcos para me esfaquear! Conseguimos controlar o gajo! Eu fui-me embora e não voltei a fazer a manutenção de mais nenhum prédio! Antes deste episódio passaram-se outros e alguns bem divertidos. A saber! 
 
   Um episódio mais ou menos estranho foi quando me pediram se ia substituir as fechaduras de entrada de todos os apartamentos de um prédio da Assitência Social. Como não havia carrinha disponível, o patrão mandou-me pegar no seu Ford Mustang. Carreguei o carro de fechaduras e lá fui eu, de Mustang! Chegado ao local, pediram-me se substituia imediatamente a fechadura de apartamento X. Mudei e contaram-me o porquê daquele apartamento específico. Tinham encontrado colchões espalhados por todo o lado. Mais de dez brasileiros viviam ali ilegalmente. Um dos anteriores inquilinos, também brasileiro, tinha-se mudado e o colega de apartamento ficou com a chave. Depois calculo, foi meter lá pessoal à fartazana. Imagino a cara com que ficaram os "inquilinos".
   Nesse dia almocei num refeitório improvisado, onde serviam três velhinhas muito simpáticas. Perguntaram-me se queria almoçar. O preço era simbólico. Era para ajudar uma associação qualquer. Almocei meat loaf! Não sabia o que era aquilo. Perguntaram-me se queria também "gravy"! Também não sabia o que era... Well...venha de lá o gravy! As senhoras estavam lá para alimentar gente verdadeiramente necessitada. E lá almocei no meio daqueles amigos todos! O gajo que conduzia Mustang!

   Num prédio em que trabalhei a colocar rodapé, acabei por ficar para fazer alguma manutenção que faltava, uns retoques. Já havia gente em muitos apartamentos. O porteiro era um grego, homem mais velho, simpático. Dizia-me que éramos irmãos. Aos poucos fui descobrindo isso mesmo; éramos mesmo, gregos e portugueses, povos muito parecidos. Mark - assim gostava de ser chamado! - limpava o hall de entrada, quando um canadiano entra com a bicicleta cheia de lama. Mark reclamou! Tinha acabado de limpar aquilo! O canadiano (quando digo canadiano, refiro-me aos de origem britânica!), respondeu um "vai para a tua terra!". Eu estava por ali, não era comigo mas reagi em inglês: - "Olha meu filho-da-puta, estás a desrespeitar um cidadão de uma cultura milenar, és um monte de merda e vai tu para a tua terra porque isto, é terra de índios!" - Tinha pegado no meu martelo e tinha virado as "orelhas" para lhe arrear nos cornos. O escroque foi expulso do prédio. Teve azar. O dono da empresa responsável daquele conjunto de quatro prédios era  o "resultado" de uma russa e um italiano! O gajo, soube depois, era carcereiro!
 
   Um outro dia, chegado à sede da empresa, disseram-me para me dirigir ao bloco de apartamentos na Lawrence St, a norte de Toronto. Disseram-me que num dos apartamentos, vinha um fedor insuportável. Os outros inquilinos já não aguentavam. Bati à porta do apartamento. Abriu-me a porta, uma senhora muito mal vestida. Pedi-lhe para entrar e segui o cheiro. Encontrei num dos quartos, doze patos! Contei-os! Doze patos a viver naquele quarto e em cima de carpet! Merda por todo o lado! Pode imaginar-se o resto! Vinham comigo dois dominicanos! Foram eles quem tirou todo aquele esterco dali. Sim, fui mauzinho! Disse-lhe que o Canadá não eram só dólares! Era também trabalho duro! Não se zangaram comigo. Antes pelo contrário, queria que fosse com eles aos bailaricos com as dominicanas aos Domingos! Um deles chamava-se Flores e que flores o gajito fazia a dançar salsa!
   Neste mesmo prédio, uns andares acima, exactamente na mesma direcção, no quarto, "viviam" dois cães doberman, fechados, com dois sofás completamente esfarrapados destruídos, carpet incluída! Comuniquei ao responsável do prédio. Não sei como ficou este caso mas bicharada era o que não faltava em alguns apartamentos como por exemplo um...guaxinim!
 
   Entrei naquele apartamento luxosamente decorado e segui a senhora judia (a decoração "denunciava-a"!) até à cozinha. Ia instalar um dispositivo de poupança de água. Na parede da sala vi um grande quadro e reconheci o estilo: Monet! Perguntei-lhe: "É um Monet, não é?" - A senhora olhou-me com estupefacção e nada disse. Pareceu-me zangada até! Reparei que no lugar da assinatura estava apenas uma raspadela. Ouvi muitas histórias da Segunda Grande Guerra e sobre o roubo de obras de arte a judeus, pelos Nazis. Muitos, na fuga, tentaram e conseguiram dissimular algumas dessas obras! A Humanidade agradece!
   Alguns dias depois voltei a aquele apartamento e o quadro já lá não estava!

   "Ó Mário, queres ir tu arranjar umas coisa a Church St.?" - Sei bem a que se referia o patrãozinho. Fazer manutenção a vários edifícios no chamado bairro gay! Ninguém queria ir! - Vou!, disse eu tranquilamente, olhando para os meus colegas "machos"! E fui sozinho! Confesso que nunca fui tão bem tratado por alguns dos pares que ficavam por casa. Um estilista, um pintor, etc, etc!- "Mário, queres um café? Mário, queres um muffin? Se quiseres um sumo vai ao frigorífico! Um chá?... e por aí fora! Numa semana percorri quase todos os apartamentos mas, no primeiro dia, de regresso às instalações da firma, perguntaram-me logo: "Apalparam-te o cú?" - "Foda-se! Vocês são muito burros! Porque carga de c....lhos haviam eles de me apalpar o cú? As gajas na rua também vos apalpam o cú, por acaso? E vocês? Apalpam o cú às gajas na rua? Puta que pariu!". O que sei é que passei a levar alguns colegas comigo mas eles, lá me seguiram, desconfiados! Tinham a minha "garantia" que nenhum gay lhes apalparia o traseiro! Eu é que me diverti com aquilo! Com aquilo e quando chamava os "machos" para verem umas fotos de gajos de pau feito! - "Foda-se! És paneleiro ou quê?" - Divertia-me imenso a olhar para a figurinha de tótós daquela macheza toda! Foi um fartote de riso!

   Entrei a assobiar uma cantilena qualquer num apartamento que sabia ocupado por uma família russa. A mulher pôs-se logo a berrar comigo, em russo! - "Porra! Que foi que eu fiz?" - perguntei-me! O homem, marido(?) acalmou-a e disse-me que não assobiasse(!), e lá substitui o rodapé velho por um novo! Perguntei a um russo amigo o que era aquela do russos e assobios? Sorriu e disse-me que dentro de casa dos russos não se podia assobiar! Dava azar e dava a entender ser uma casa sem dinheiro! Só podia rir! Ele há cada folclore...

   Quando fui substituir o chuveiro ao apartamento de uma polaca ela agarrava-me e dizia, no, no, no!! Não queria que substituisse o chuveiro. Mostrei-lhe o novo, que era melhor e por aí fora. Como não conseguia explicar-me perguntei-lhe com gestos, setinha um dicionário. Trouxe-me o dicionário de polaco/inglês! Armei-me em estudioso! Palrei umas palavras em polaco que consegui juntar palavras folheando o grosso livro. Disse-lhe para não se preocupar. Era só um chuveiro! Arregalou-me os olhos e deixou-me instalar a peça! Novamente, perguntei a um polaco se me teria explicado bem, repetindo as mesmas(?) palavras que dissera à senhora! Expliquei-lhe o sucedido! Bem...acho que nunca tinha visto um polaco a rir tanto! Nem no cinema!

   Puxei as tiras de rodapé para o corredor e bati à porta. Apareceu-me uma senhora negra, muito bonita e expliquei-lhe o que vinha fazer. Ela já sabia. Enquanto arrancava e substituia as peças velhas do rodapé por novas, a senhora seguiu-me fazendo perguntas de toda a espécie. Era do Quénia e quando lhe disse que também era africano, então é que não me largou mais. Queixou-se de ter sido abandonada pelo marido deixando-a com cinco filhos de tenra idade! Sabia! Num dos quartos contei as camas todas em beliche e reparei nas fotos de toda a filharada. Segui para o quarto dela  e ela segui-me, outra vez. Deitou-se na calmamente na cama a conversar(eu ouvi um ronronar!) e de saia recolhida, mostrou-me todo o esplendor das suas lindas coxas! Uf! Suei! Senti o meu corpo alterar-se! Despachei o rodapé e, bem casado(na altura!), pirei-me dali para fora! Ainda me dava uma cousa...

   Houve ainda um outro caso, de uma "fofinha", filha de uma húngara rica e um grego. Queria à força toda levar-me a casa. Vi o "jogo"! Agradeci e disse-lhe que não! O marido tinha mais de dois metros de altura e tinha uma colecção fabulosa de facas! Era chef!

   Podem afirmar a pés juntos que todos os emigrantes portugueses estão bem na vida. Nada mais falso! Vi muita miséria, mesmo muita, na comunidade lusa! Um dos apartamentos em que entrei impressionou-me e muito. O velhinho era português e tinha todas as paredes do apartamento, todas, com jornais empilhados até ao tecto! Até ao tecto!; estou a escrever bem! O cheiro era insuportável. Não aguentei e saí porta fora. Não me lembro nada sobre o que ia arranjar. Aquilo chocou-me!

   Abri a porta do apartamento e tudo era escuro. Escuridão imensa. Liguei a lanterna porque me tinham avisado para não acender qualquer luz. Nada! O inquilino não queria! Entrei e substitui uma torneira do lavatório, sempre com a lanterna ligada. A minha vista habituara-se à escuridão e antes de sair, consegui vislumbrar ao fundo da sala, completamente desprovida de móveis e, "ajudado" por uma nesga de luz que furava através do espesso cortinado, vi o que me pareceu ser um homem sem pernas sentado numa cadeira de rodas! Parecia que acabava de sair de uma cena de Hitchcock!

   Aconteceu mais um episódio com uma torneira de lavatório e a inquilina que era filipina e que...Ah! Esta não conto! Ahahahahahah!!!!

 

 


 
   

 

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Histórias de um emigrante 3

    Uma das particularidades com que me deparei na emigração lusa e principalmente nas gerações mais velhas, na sua grande maioria, eram adeptos quase religiosos, de Salazar! Sim, o mesmo Salazar ditador que nunca lhes deu condições e os forçou a emigrar. Lisboa, Porto e outros centros urbanos de alguma importância, como a Coimbra dos doutores, é que tinham direito a casas-de-banho! Os outros, a populaça, cagava no meio das couves e uma folhas destas serviam bem como papel higiénico. Comida... comida eram papas, broa, sardinha para três. O 4º filho ficava com a cabeça! Fazia-se sopa com rebentos de roseira brava mas, graças a deus nosso senhor dos aflitos, Portugal NÃO devia, sequer, um tostãozinho!, e os cofres estavam cheios de ouro! O ouro, bem... o ouro continua numa reserva de 15º no pódio, no planeta todinho! Ouro não falta!
   Tive discussões acesas com os saudosistas da miséria total, das aldeias sem electricidade, sem estradas, cheias de gente descalça. Tive uma discussão com um galego, vejam lá, ferrenho adepto do caudilho Franco, o verme que lhe proíbiu de falar a língua materna!
   No Canada, quando lá cheguei, palavra socialismo era então, proíbitiva. Aquela gente nunca entendeu que, só o pertencer a um sindicato era já de si, ser-se socialista. E que bem nos faziam os sindicatos. Tínhamos(temos!) grandes instalações para banquetes, médicos de especialidades várias, subsídios de férias substânciais e, acima de tudo, greves a valer! Não eram greves de bandeirinhas...Sim, dessas notícias não chegam cá! Suspeito que não ficaria bem às televisões lusas, saber-se que num país "capitalista" havia(há!) lutas de virar carros de trabalho a quem furava greves, que aconteciam, normalmente, com tuguinhas! Eu tinha vergonha, muita vergonha!
  O meu primeiro emprego, no Canadá, foi colocar preços em frutas. Passei para a construção! Franzino como sempre fui, puseram-me uma pá e uma picareta nas mãos. Sangrei das mãos, aproveitava para chorar quando chovia, disfarçava as lágrimas, cantei refrões de várias músicas. A firma tinha de nome ACU! Contavam-se piadas sobre este nome. O patrão, que me achava-me espevitado, era o mais novo e chamava-me Joey! Era o nome que constava no cartão falso. Estava ilegal. Era o Joey Faria! Trabalhava com um grupo de animais lusos. De volta a casa, dentro da carrinha sem vidros, abriam os alforges e voltavam a mastigar tudo o que lá encontravam. Comiam como uns alarves e...peidavam-se! Comiam e peidavam. Quando me tornei legal e passei a ser o Mário saí, abandonei a firma e com muita pena do patrão, canadiano, um amigo! Pagava-me muito bem apesar do pouco que fazia.

 Um dia, ao ouvir os passos no andar de cima(estávamos na cave!) os lusos, começaram a trabalhar a uma velocidade estonteante e eu parei! - És burro ou quê? - ainda gritou um deles. - Põe-te a mexer c....lho! - Eu disse: - Vocês é que são uns grandes asnos! Acham vocês que o patrão vai acreditar que vocês, grandes burros, trabalham a essa velocidade as 8 horas diárias? - O patrão desceu a escada e encontrou-me apoiado numa pá. Sorriu e piscou-me o olho!
  Ganhei corpo! Tudo "marchou" na minha alimentação, desde hamburgers, pizzas, hot-dogs, pasta, "molta pasta al polpete di carne"! Cheguei quase aos 90 kgs!

   Depois abri a pestana e lá fui parar à carpintaria. Foi amor à 2ª vista! (O meu avô fazia-me carroços para ir às pinhas!). Na carpintaria fiz de quase tudo. Costumo dizer que só me faltam fazer barcos!
   Nunca fui um emigrante vulgar. Não emigrei porque me faltava dinheiro em casa! Tinha mota, passeava, vivia! Eu quis sair do Portugal dos pequeninos! Estudei, vi, viajei por toda a América do Norte. EUA exercia sobre sobre mim um fascínio sem controlo. Foi-me recusado o visto por duas vezes! Fui para ao Canadá, país com gente simpática, que gosta de ajudar. Tornei-me cidadão canadiano e aí... foderam-se os rednecks! Entrava e saía quando me apetecia e Nova York estava ali a 900km! Conheci uma América fantástica sem trumpes e outros bichos peçonhentos.
   O meu último trabalho, em 2012 foi fazer acabamentos em casa de luxo cujo custo aproximado, rondava os 10 milhões de dólares! Piscinas interiores aquecidas e outras coisinhas! Ali trabalhava-se quase na perfeição!
  Dos adeptos de Salazar, ainda vou tendo amigos mas com muita pena minha! A política não interfere. Nem o futebol, já agora! Não querem definitivamente, ver o mal que esse homem fez a este país, Portugal! O Canadá, ficará sempre no meu coração! O país e a senhora da imigração, muito simpática, que me perguntou porque vinha para o Canadá. Disse-lhe que vinha para ser cineasta de cinema de animação! O National Film Board of Canada estava encaixado dentro dos miolos! A senhora abriu um sorriso de orelha a orelha e disse-me em francês(língua que dominava melhor!): Mario(Mério!)...O meu ex-marido é cineasta! Faz documentários e nem por isso ganha bem! - Devo ter mostrado uma puppy face! Passou-me os papéis, e legalizado fui festejar!... O Canada e o dinheiro a rodos esperavam por mim!

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Histórias de um emigrante 2

   Uma das particularidades no Canadá e mais precisamente em Toronto foi ter contactado com uma polícia, na generalidade, afável, prestável, simpática. Claro que houve casos verdadeiramente dramáticos. Conto dois casos.
 
   Eu, vadio, numa das minhas saídas noturnas, dirigi-me a uma loja de conveniência, Seven Eleven, abertos 24 horas e para apaziguar um vício "entranhado" no corpo comprei, como de costume, chocolate preto e água Perrier! Comprei, saí da loja e sentei-me numa escadaria de 5 ou 6 degraus ao lado do edifício e dei conta de uma pequena escaramuça entre duas "estacas", polícias e um pequenito chinês. Este, aos pulos e em jeito de arte marcial, malhava forte e feito nos dois grandes polícias. Sangravam abundantemente da cara. Quando os polícias o conseguiram segurar, o chinês levou tanta porradinha que, quando o enfiaram dentro do carro estava inanimado e parecia um farrapo. Arrancaram a alta velocidade e eu continuei a comer o chocolate!

   Edmond Yu era um chinês grande, possante e, mais possante parecia porque vestia sempre uma quantidade enorme de casacos! Verdade! Os casacos eram tantos que eu perguntava-me se ele não ferveria dentro deles! Eu vivia perto da China Town e reparava muitas vezes naquela figura estranha. Encontrei-me com Yu por duas ocasiões numa livraria da Dufferin Plaza, na secção de "comics"! Apesar de pouco falar, ainda trocamos algumas palavras. Edmund Yu foi abatido pela polícia quando dentro de um autocarro brandia um pequeno martelo ameaçando bater em alguém. Soube de todo o percurso da sua curta vida através dos jornais. Campeão de box em Hong Kong, mudou-se para Toronto para cursar medicina. Diagnosticado com esquizofrenia, chegou a estar internado num hospital psiquiátrico. Das muitas vezes que o vi, pareceu-me sempre, muito calmo.
   Abatido com seis tiros, Edmond Yu ficou "famoso" depois da morte violenta. Existe um documentário sobre a sua vida.

  Por alturas do Natal, fui mandado parar por um polícia enquando conduzia o meu Honda Civic. Mais um polícia, mais uma "estaca" com aproximadamente dois metros! Cumprimentou-me e pediu-me os documentos, meus e do carro.
- Mário Teixeira - Disse ele!
- Sim, respondi eu, estranhando o sotaque não inglês!
- Bebeu? - Diz-me em português quase perfeito!
- Não!
- Então continue assim. Vou dar-lhe umas prendas!
   As prendas eram um raspador de gelo para vidros dos carros, um pequeno "squeegee" e coupons para desconto na gasolina. No fim, não resisti a tamanha curiosidade e perguntei-lhe como sabia falar tão bem o português. Respondeu-me: - Sou casado com uma professora portuguesa dos Açores!
   Sorrimos um para o outro e despediu-se com um "safe driving!"...em inglês!


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Histórias de um emigrante 1

   Quando cheguei ao Canadá com pouco mais de 22 anos de idade, pouco conhecia deste país. Bebia Canada Dry em miúdo, em Moçambique e era só! Um país fantástico, livre, cheio de oportunidades, muitas delas desperdiçadas por mim. Começo por contar as minhas faltas constantes ao trabalho só para assistir às filmagens americanas!
 
   A memória mais distante, foi a de ter conhecido Matt Dillon. Trabalhava em carpintaria e reparei durante as filmagens, no trabalho de um carpinteiro a montar uma cabine de telefone. Matt Dillon ainda não era tão conhecido como hoje e ele, lá apareceu à minha frente, pronto para mais umas filmagens. Não me recordo do título do filme mas estive ali umas horitas a assistir às filmagens.
   Normalmente, havia sempre um rodapé de notícia, nos jornais, a dizer que fulano de tal estaria a filmar em Toronto em parte tal e eu, faltava ao trabalho. Cheguei até a conversar com alguns, como o coração enorme Mr T., brincando com crianças que se aproximavam dele. Alguns, era impossível chegar perto como foi o caso do gigantesco Christopher Reeve, o Super homem!
   Vi John Goodman( Arachnophobia). Filmava com Bette Midler "Stella", julgo! Nas paragens dos takes, conversava com o pessoal que por ali parava. Bette Midler era mais reservada. Depois era o "quite!!!!" e era o silêncio!
   Robert De Niro e Jane Fonda filmaram na St. Claire Ave (zona dos italianos!) o "Stanley and Iris". Numa cena que filmavam em que Jane Fonda se sentava no quadro da bicicleta, Robert, enfia uma roda nos carris dos eléctricos e...foi queda, sem consequências! Al Linden, um actor secundário, passava muitas vezes à minha porta. Em frente à casa onde eu vivia morava uma senhora e que eu perguntava-me muitas vezes de que vivia ela; ela e os gatos! Prestei a atenção à cara e daí a passar a ver a senhora em papéis segundários nos filmes, foi um passo. Não me lembro do nome da senhora.
Lamento até hoje, não ter faltado ao trabalho para ver Marlon Brando (meu ídolo!) e Mathew Broderick no "The freshman". Em 2012, andei pelo Canadá e vi Matt Damon. O mulherio era tanto e aos gritinhos, que não foi possível, sequer, chegar perto dele. Os guarda-costas também eram muitos!
 Academia de Polícia foi quase toda filmada no degradado bairro dos portugueses. Colegas meus fizeram de figurantes! Tom Cruise, já famoso, filmou num bar, na rua dos tugas, Dundas st. West. Foi impossivel assistir tal era a quantidade de gente do lado de fora!
Assiti às filmagens de muitas séries canadianas. Entrei numa delas (Cats & Dog) como figurante! Quando fui a ver o resultado...bem, só apareceu a minha carequinha por trás de um capot de uma ambulância estampada!
   Quando em 1988 fui para a California, foi com o intuito de trabalhar em cenários da indústria cinematográfica. Andei pelos estúdios da Universal(e outros!) a pedinchar e nada! Vi Chuck Norris a passear os filhos!
   Foi divertido, muito divertido. Gozei o momento. Não lamento ter faltado ao trabalho!

sábado, 12 de outubro de 2019

Duas folhas de couve




DUAS FOLHAS DE COUVE

    Olhe! Chegue-se aqui! Vou contar-lhe uma história! A minha história, da minha vida. – Foi assim que a velhinha ao canto da sala, sentada à mesa com dominós baralhados, chamou o animador cultural. Naquela semana, João encarregou-se de fazer a recolha de histórias de infância dos idosos, presentes nos espaços de convívio espalhados pelo concelho. Visitava-os com alguma frequência. Entretinha-os com trabalhos manuais, desenhos, pinturas, leituras. Sentou-se à mesa, sorriu e a senhora Mariazinha continuou… - Sabe! Eu sofri muito. Estes tempos novos não são nada. No meu tempo é que era. Só fome! A gente só comia milho! Pão de milho! Isto é um modo de dizer não é! Eu, de manhã punha-me a pé, cedinho, pela fresquinha; isto no mês de Agosto!, e lá íamos nós com um safate à cabeça cheio de verduras para vender onde calhava. Vinte e tal molhinhos de hortaliça para ganhar um tostãozinho. O meu homem ficava em casa a olhar pela criação. Um dia lá fui eu, com a cesta à cabeça e ao virar da esquina, pró lado de cima, mesmo em frente a casa e eu… nem tinha cuecas nem tinha dinheiro para cuecas, nem nada… caiu-me ali um aborto! Eu nem sabia o que era! Pousei o cesto em cima do muro de pedra. O meu homem tinha-me dito, vai pelas portas vende-me isso tudo e na volta traz-me da vila, um saco de amónio. Eram cinquenta quilos de adubo! Naquele tempo chamava-se amónio e trazia-o à cabeça! À cabeça ‘tá a ver? - João continuava atento, ouvia. A idosa prosseguiu - Eu nem sabia o que fazer! Se voltasse para trás sem o amónio, ele batia-me! Então, aquilo caiu-me no chão e eu cheia de sangue a escorrer-me pelas pernas abaixo, nem sabia o que era. Eu aflitinha! Olhe, saltei o muro de pedra para o lado de lá, arranquei duas folhas de couve de uma hortinha. Voltei a saltar o muro outra vez e apanhei aquilo. Embrulhei nas duas folhinhas e pus aquilo num buraco do muro. E lá fui eu! Ele batia-me se tornasse para trás! Lá fui eu, sabe? Eu chorava, chorava. As pessoas ainda perguntavam, você que tem? Eu só dizia, não tenho nada! Compre-me por favor as verduras! Às vezes lá explicava alguma coisa, que o meu homem me batia se não levasse o saco de amónio. Tinha que vender a hortaliça toda. Ele batia-me! Eu só pedia, vocês ajudem-me por favor! O raio bate-me! As pessoas, todas, lá me ajudaram. E trouxe o amónio com o dinheirito da venda! Cinquenta quilos de adubo à cabeça. À cabeça, ‘tá a ver? Tinha uma rodilha! Da vila até casa! São três quilómetros pra lá e três quilómetros pra cá! Passei pelo muro onde tinha escondido aquilo e trouxe para casa. Mostrei à mãe dele e ela vai assim: - “Isso é um aborto! Um desmancho! Isso não interessa nada! Eu também tive um rapelho que já tinha seis meses e enterrei-o numa borda do quintal! Isso não é nada!” – Era um desmancho! Era assim que se dizia naquele tempo. Pronto! Então o meu homem, que estava ali ao lado, virou-se para a mãe e disse: - “Ó mãe! Mate-me uma franguinha para ela fazer um caldinho!” - Sabe qual foi a resposta da velha: - “Ah! Isso não interessa nada!” - Olhe! Matou-me ele a franguinha e fez-me ele o caldinho, a canja! Era o menos. Vendi-lhe a nabiça toda e trouxe-lhe o adubo e era o que ele queria. Eu já sabia com quem lidava. Depois daquele dia lá fui andando, fui andando e sentia-me mal sabe!? Andei assim até ao resto do mês! Quando fui a Braga, já levava um mal tal, uma infecção, que o médico virou-se para o meu homem e disse-lhe: - “Você, um destes dias ia deitar-se ao lado da sua esposa, acordava no dia seguinte e já lhe ia fazer o enterro!” - Eu tinha de andar, trabalhar! Se não andasse tão depressa… bom…! Foi o primeiro desmancho que fiz! Tive cinco! Todos seguidos! De dois em dois meses lá tinha um! E depois os médicos ralhavam-me! Eu dizia - Ó senhor doutor… Eu não fiz nada! Os senhores é que sabem destas coisas! - Andaram, andaram até que descobriram. Tinha um mal sabe. Uma ferida no útero. Andei meio ano a ser tratada, lá em Braga. Queimaram-me a ferida e fiquei curada. – “Agora você tem de ser vista amiúde!” – Disse-me o doutor. Olhe… inté hoje! Nunca mais lá tornei. Depois, olhe… vieram os filhos de braçado. Todos seguidos! Oito! Oito filhos! Todos vivinhos, graças a Deus!


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

LES SOLITAIRE AIME AUSSI

Je vivre tout seul
Avec mes livres parfumés de poèmes...
et un chien errant!
Mon âme, cherchant,
perdu, enfumé, une passion de vie.
Je me bats pour me calmer,
embrassant toutes les fleurs,
de mon chemin pierreux.
Avec mes mains en coupe,
j'attendre un amour,
un coeur amoureux,
qui tomberá du ciel
sous la forme d'un ange déchu.
Oui! Je suis ici.
Je suis ici!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

O lado negro da fome!

"Com a economia mundial em alta, nós crescemos pouco!" É mais ou menos esta a frase feita por todos aqueles que nunca foram trabalhadores em países de capitalismo sem misericórdia! Como trabalhador, vi o "meu" país estrangeiro, crescer desenfreadamente com governos de direita extrema. Vi esses governos baixarem as calças ao país do outro lado da fronteira, vi e senti na pele DUAS recessões, (cá, ninguém sabia o que era uma recessão!), vi gente, humanos, perderem tudo, vi e ouvi nas notícias pessoas suicidarem-se, vi povo passar fome, (eu estive uma semana a pão-de-forma com margarina!) vi desgraça e porquê?, porque o país cresceu muito, mas mesmo muito e tombou, caiu, perderam-se empregos. Foi nesta altura o meu primeiro e desgraçado regresso a Portugal! Claro está que, para quem é riquinho, tudo isto passa ao lado. Tenham paciência. Política baixa de pontapés debaixo da mesa, é desonesto! Deixem lá o ferro velho de Tancos e falem-me no SNS sem greves elitistas, falem-me em transportes públicos gratuitos(sim é possível!), falem-me na merda do meu salário mínimo que me impede ter uma vida normal. Que me impede ter família... outra vez!