quinta-feira, 28 de setembro de 2023

UMA IDA AO RESTAURANTE

UMA IDA AO RESTAURANTE
Fui a um restaurante à procura de um "bacalhau à Braga ou... à Narcisa"! O pedido foi feito, esperei e tive resposta minutos mais tarde: não havia mais bacalhau! Ok! Mandei vir leitão! Não é, de maneira nenhuma as minhas dez primeiras escolhas de comezainas. Enquanto espero faço sempre um exercício do tipo cusca. Porquê? Tascas, restaurantes, cafés são uma das minhas fontes de textos para as minhas BD's! Publiquei um livro, "Gajo Borbulha" com muitas dessas tiradas.
Assim, enquanto esperava pelo bácorozinho assado, comecei - com um olhar disfarçado - a olhar para a minha "vizinhança"! Na mesa do meu lado esquerdo, comia um senhor de certa idade. Comia bacalhau! Vi-o a enfiar goelas abaixo um grande naco do dito! Levou-o à boca com a faca, qual pá de mesa. Ao fundo da sala, um casalinho de anafados comiam, numa mesa de quatro, muito aconchegadinhos. Até se estorvavam um ao outro. O casório devia ainda cheirar a fresco. Olhei para o meu lado direito. Outro casal, a rondar os setentas de idade, olhavam para os seus esperto-fones. O que estariam duas pessoas com aquela idade a "pesquisar"? Fiquei só, curioso. Mais nada! A minha vista vagueia já para o fundo recôndito do restaurante e deparo, numa mesa familiar, com uma indiana a beber vinho! Ui! Isto é estranho! Afinei a vista e, afinal não; não era indiana! Era uma sul-americana! Mas... a beber vinho? Supostamente a viver em Portugal, não estranhei totalmente e pensei: habituou-se!
O casal dos setentas, ao meu lado, recebia a comidinha; cozido e uma travessa mesmo grande de salada! Também eles bastante - direi - "alargados", perguntei-me pensando, se em casa também comeriam assim doses extra de salada?
Entretanto, também eu já malhava no reco! Levo um pequeno toque no braço - que segurava o garfo que por sua vez segurava umas peles tostadas! - de uma senhora pequenita que debitava palavras em corrupio... em francês! Conheço a senhora. Não parecendo, é francesa e, o que me foi dito, era descendente de portugueses. Com uma vetusta idade, a senhora que não se calava e o marido mudo e quedo, esperaram pouco tempo pelo "meu" bacalhau! Sim era o meu bacalhau! O tal último bacalhau!
Pequenita, a senhora-francesa-que-não-calava, afoita no comer, calou-se para, com o indicador direito, destrancar um naco de bacalhau(seria puré?) que se alojara no céu da boca! (Vejo estes actos desesperados pelos restaurantes afora!)
Ainda olhei para outra mesa, de uma família que se reúne aos Domingos - penso eu! - e reparo num miúdo dos seus treze/quinze anos, de fatinho e que me pareceu normal! Não era! Também, não sei o que é ser-se normal? Tenho dúvidas, muitas dúvidas! O miúdo "malhava" numa mousse de chocolate que desapareceu da taça num piscar de olhos. Ao lado, o pai diz: "limpa o bigode"! Sim, o chocolate tinha-lhe deixado um bigodinho à Errol Flynn! Limpou-o, pôs-se a pé, e foi ter com a mãe, do outro lado da mesa, agarrou-se a ela e distribuiu-lhe muitos beijinhos pela cara toda!
Eu já tinha acabado com a minha gordurosa comida e tinha deitado abaixo um deslavado "crème brûlée".
Andar pelos restaurantes não é vaidade, como me disse um dia um anti-tudo! É socializar, é ver o quanto é feio o acto de comer, é ver o quanto todas as especialidades culinárias têm, no fim, um fim triste!

sábado, 2 de setembro de 2023

"Vespras"

-O que não me falta em casa, são vespas!

-Também as tenho, as malvadas das vespras!

-Vespas!

-Foi o que eu disse; vespras!