terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Biotónico



Biotónico! Se a memória não me falha, era esta a panaceia que a dada altura fez parte da minha tenra idade e que me curou, diziam, da fraqueza e falta de apetite. - O rapaz não come! - pudera. O enfezado petiz, sempre empoleirado nos abacateiros, mangueiras e goiabeiras, como é que podia ter espaço para comer esparguete? O Biotónico, um tónico com uma percentagem considerável de álcool, era BIOTÓNICO era! Era vinho! Vinho do Porto! Lembro-me tão bem como se fosse hoje. Sim, hoje sei que aquilo sabia a vinho do Porto! Quando a minha mãe se aproximava com a colher voadora cheiinha de Biotónico, eu escancarava a boca o mais que podia! Não, não podia perder uma gotinha que fosse da pingoleta. Lambia aquilo e pedia mais um niquinho. Mas não! Não havia dose duplicada! Havia isso sim, suspeições de estar já demasiado tonificado. Engolido o elixir, estava prontinho a agarrar a bicicleta roda 28 do amigo mainato Moisés Chifefe, dar a volta à vila pedalando furiosamente e com a coragem reforçada, fazer folestrias em frente às gémeas do polícia. Essas acrobacias em frente às gémeas acabaram no dia em que eu, de poupa ao vento, ar engatatão, conduzi o velocípede agarrado aos ferrinhos dos retrovisores até que estes... desapertaram! Bati com os tintins no quadro da bicla! A partir desse dia, a vergonha de enfrentar as gémeas era maior que a dor sentida pelo esmagamento das partes baixas.
Mas este, foi um dos períodos mais bem passados da minha infância. Foi sim! Andar tonificado! Dava-me para as travessuras. Trocava ovos de lagartixa de uns buracos para os outros e imaginava uma lagartixazita a chamar pai a outro. Dava de comer moscas a uma espécie de tarântula até ao dia em que esta morreu à vassourada, que o pessoal não achou piada ao rapazinho andar a brincar com tamanha besta. Outra traquinice, malvadez mesmo, era levantar o rabo da galinha que insistia em pôr ovos na tábua de passar a ferro estacionada na varanda da casa. Soprava-lhe ao cú! A desgraçada, com o fresquinho a rondar-lhe o orifício, voltava a enfiar o ovo nas entranhas.
É! Andava completamente tonificado!

S.P. Neto

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

O Galão

Não sei porquê mas esperei pela conversa em jeito de entrevista, da Clara de Sousa ao Santo Videirinho. Estava eu desligado do patuá quando martelou, no martelo auricular, saído da "matraca" do dito cujo, as palavras, "ERÁRIO PÚBLICO"! Porra! Também tu bruto! Assim de repente, de repente, lembrei-me da módica soma de vinte mil contos (cem mil euros, jovens!) do "Erário Público", que o homem, na altura secretário de estado da cultura, pagou a uma actriz brasileira, para a moçoila apresentar uma peça de teatro com as mamas ao léu. A coisa correu mal! Manfios acorreram para ver as tetas da actriz de novelas. Mandaram bocas, a gaja chateou-se e abalou pró Brasil com as vinte milenas encafurnadas no bisaco! Reza a história, que o Videirinho, se comeu o quindim mais alguma vez, foi lá por terras de Vera Cruz. Falando ainda em regalório, sabe-se que a grande obra deixada pelo Pirata-Das-Discotecas, pela a Figueira da Foz (sem figos, mas com figas disponíveis!) foi, lembro-me eu, uma estrondosa conta de taxi e à pala do "Erário Público"! Rosnou-se, com inveja, que o Mais-Lindo terá papado casadas a granel!
Ora bem! Dizia eu que, quando ouvi "ERÁRIO PÚBLICO", que o Flopes tanto quer poupar, pensei: Ouvi mal! Será HORÁRIO PÚBICO? Hora do papanço? Fiquei na dúvida e mudei de canal! Senti-me vágado! Estivesse eu a esticar cabos de micros e câmaras, lá dentro, no estúdio e teria dito: Ó xôr D'tôr! Olhe que é só ERÁRIO!!! Fáxavôr, consulte um dicionário! (Upa! Até rimou!)
Suspeito que o Galão quer "subir para cima"! Digo eu, côs nervos!

S.P.Neto

O andor da Joana

(Poema em compasso de espera!)

Multívola no quintal!
Inquisidora salazaral!
"Impoluta", "vestal",
Joanita Marques Vidal,
assina de cruz no areal (?)
adopções prá Universal
e, coisa e tal...