quinta-feira, 18 de abril de 2024

CLIMATICES

CLIMATICES!

Há 47 anos (Quarenta e sete anos; fiz as contas!), por esta altura, mais dia menos dia fui, eu e uns gandins (...e duas moçoilas muito divertidas, uma delas já desaparecida!), tomar banho ao Poço do Frade! Fazia um calor medonho! O Poço do Frade corria normalíssimo, avermelhado de sangue como de costume e com uma quantidade considerável de tripas provenientes do matadouro existente a montante do rio Peio, na zona da praia fluvial de Ranha. O Poço do Frade, "praia fluvial", depois do Inverno com direito a cheias, engalanava-se de tripas presas nos ramos de arbustos e árvores circundantes. Era a "nossa" praia, a mais próxima para quem não tinha Zundapp ou Sachs, os BM'S da nossa juventude! Localizada no centro da vila, a "praia-das-tripas", era a penantes que lá se chegava! A água, proveniente das serras vizinhas, chegava-nos, como de costume, gelada! O calor era muito mas era o único "empurrão" que nos convencia a mergulhar em tais águas não recomendáveis! Por vezes as tripas, fresquinhas, "enrodilhavam-se-nos" nos dedos dos pés, passado o susto de ter sido uma hipotética cobra-d'água; e lá continuávamos nós a nadar como rãs.
Tempos do carago, de jovens bebedores de cerveja! As "minis" eram raras! Nem sequer sabíamos o que era um latte ou capucino! Era um bota pra lá Super Bock, aguardente manhosa - para os mais treinados! - e pataniscas de bacalhau; muitas! As "natas" também eram coisa rara! Eu era adepto de iscas de fígado de cebolada num molete! Sim, usávamos perfume e para os sovacos, era o after-shave do pai e pouco mais! Havia quem usasse o perfume da mãe, só destinado para dias de festa mas, naquele tempo, quem é que sabia o que era perfume de mulher ou homem?! Era um vira milho; este também serve!
O final dos anos setenta foram divertidos. As pequenas loucuras também se faziam mas, não se destruía património do Estado - caixotes do lixo, miradouros, placas sinaléticas, etc. - só porque sim!
O calor irrespirável existiu, há mais de quarenta anos e, não me recordo de alguém se preocupar, sequer, com os peidos das vacas leiteiras!

Sem comentários:

Enviar um comentário